2006-09-08

sede



... Um poema não se faz, porém, de ideias, antes de palavras. E a palavra escrita, nada mais é do que uma palavra muda. Este estado de mutismo da palavra, só se altera quando ela se revolve nos lábios de quem a lê e lhe dá voz. É na leitura da palavra, seja ela a palavra que for, que a palavra vive. Enquanto escrita, a palavra não passa de uma quantidade de água dentro de um copo. É preciso beber a palavra, engoli-la e incorporá-la para que possa ser sentida e deformada. Este processo de ingestão das palavras, varia de acordo com a quantidade de água que está dentro do copo. E a palavra só se sente, só se deforma, quando se engole e integra em nós, ficando o copo de água vazio...

(alice, 2003)

*

"porque este espaço é feito do que me toca. porque é feito do que me traduz e em noites assim deixai sempre falar quem melhor sabe e melhor decifra as palavras. por quem as ama. porque eu apenas amo no limite de não saber de que é feita a chuva do meu corpo"

obrigada, a, por me teres citado e por estas palavras tão bonitas... um grande beijinho para ti, bem hajas

*

(fotografia de berenika)

18 comentários:

Andre_Ferreira disse...

Pensava que já não encontraria mais palavras tuas pela blogosfera! Fico muito contente por te voltar a ler, por voltar a beber dessa água.
Beijinhos

Carla disse...

Estou sem ânimo... talvez cansada...
Hoje serei breve direi apenas BOM FIM DE SEMANA
Beijos

O Lápis disse...

:))


Acredito que em ti, muitas dormem ainda, antes do alvoroço final.

Palavras.

Quentes de exaltação.

Um beijo com a ternura de sempre.

Van

Alberto Oliveira disse...

... dobrou cuidadosmente a carta-poema que ela lha enviara, guardou-a no interior do livro que tinha à cabeceira da cama, levantou-se e declamou em voz bem alta:

bebo-te sem tento
mágico poema d´água
que no meu corpo sedento
não fique uma gota de mágoa
por não te ter ingerido.
gole-a-gole, em alegria plena
bebo-te ávido e sem sentido
até que o meu sangue seja poema.


calou-se quando sentiu o barulho por baixo dos pés, produzido pela vassoura da vizinha do andar de baixo; alcoólica, coitada...




beijos muitos.

Vanda disse...

A ti, ofereco-te um tapete voador...para que a sede te leve à luz...transbordante :))

Por fim hoje completei a Tunisia :) daí a alteração aos posts :))

Um beijo e uma 6 feira mais do que com palavras, com VIDA!

Van

Anónimo disse...

Bah, eu que agradeço as tuas doces palavras! Teu espaço aqui é muito bacana!

saudosista do futuro disse...

e o poema acontece com a palavra muda a implorar por um som assertivo...

Misantrofiado disse...

Ainda bem que não estou sozinho no dominio da palavra.

A disse...

Obrigada Eu, por haver mais palavras que vão dando sentido ao meu lugar aqui, ao espaço que compartilho com pessoas como tu.

Por haver água, no fundo :)

Beijo enorme

A disse...

Pessoas como tu = especiais, leia-se

:)

Soou-me mal depois de escrito :)

Janelas da Alma disse...

Minha querida Alice,

A sede que eu tinha de te ler!...

O tempo tem sido ingrato, e as minhas visitas esporádicas,
mas os pensamentos, tal como as palavras, passeiam na alma, e não existe dia em que, das minhas janelas, não te acene um sorriso!

Beijos, querida amiga,

Nuno Osvaldo

BÓLICE disse...

Alice...

... que foi qu'eu já te disse?

Não me lembro quando foi dito
que não vale, ter a chatice
Pelo que "ser", se criar um "mito"*!
já porém não me sinto aflito
na sua "construção pura do espírito"*
pois, as águas correm p'ró mar
do Sol, chuva, vento se faz a tempestade...
O que É a idade?
É a qualidade, é a qualidade de dar força à continuidade!
E sei que aqui eu não estaria
mesmo que gelasse est'alma já fria
de todo o aquecimento global...

... isto não sou eu que digo...
Somos todos nós!

Bem Hajas e o meu beijo em Ti (blink)

intÉ um dia destes =D

Luna disse...

Que bom que voltaste Alice, sua marota ,sabes que deixas saudades?
beijocas grandes

Nilson Barcelli disse...

Voltaste pela calada...
Mas não calada, pois as tuas palavras são sempre inteligentes, para não falar de outros atributos igualmente interessantes.
Um beijo.

Anónimo disse...

Alice, concordo contigo: uma palavra não é nada, enquanto mera junção de símbolos ortográficos, dormindos no branco do papel: sempre é necessário que uma voz venha dar vida a ela! Muito bom o texto, reflexivo! Combina muito com o nome do blog, diga-se de passagem! Abraços!

Anónimo disse...

Alice, concordo contigo: uma palavra não é nada, enquanto mera junção de símbolos ortográficos, dormindos no branco do papel: sempre é necessário que uma voz venha dar vida a ela! Muito bom o texto, reflexivo! Combina muito com o nome do blog, diga-se de passagem! Abraços!

ops, esqueci de assinar o comentário!

manhã disse...

Adoro palavras, também, agora acabei de comentar que não gosto de puré, mas de palavras sim. Ora. Muito.

Anónimo disse...

Um bonito post.

Uma nova semana tomou o seu lugar, o tempo esse corre sem parar...
Bjx e boa semana