2006-06-18

unforgiving



(fotografia de johannes barthelmes)

*

*

não ter nada para te dizer

e ser o teu nome uma ravina da memória que fumega bolas de sabão

não ser nada para ti

e ter nas costas uma estrada aberta para aportares como um barco na deriva

abrir-te as pernas

olha para mim

abrir-te a caverna habitável do meu ser

e não ser preciso entrares

ouve

não preciso que te metas em mim

para te ter

*

para o gi

29 comentários:

porfirio disse...

olá alice

:
COMUNHÃO
_

o que sinto

e
aqui
tudo há para ouvir
-
palavras numa
espiral gadanhante
-
ouvir
qual rocha esbofeteada
pelas ondas
.

bjo grande

Anónimo disse...

Instigante... Momento de saber que se resvala no pensamento mutuo...
Tu com suas palavras... Chagam aqui desse lado do mar, como um cantar de um rouxinol.

Lindo

:**********

Verena Sánchez Doering disse...

gracias por tus saludos, no te habia contestado porque estoy en reposo, pero todo bien
gracias, tienes un bello espacio aqui
te dejo un abrazo muy grande y que mañana sea un lindo domingo
un beso y gracias


besos y sueños

poca disse...

não preciso que te metas em mim para te ter...
não preciso estar contigo para me sentir tua...

Licínia Quitério disse...

Bom dia para ti, Alice. Com palavras sábias e mágicas. As tuas palavras.
Beijinho grande.
Licínia

Lord Poseidon disse...

Alice estar com alguém não tem que evolver intimidades.
Estar por estar em silencio entender compreender.
Este teu texto reflecte, os dias de hoje
Mais uma vez as tuas palavras vão ao âmago de assunto
Belíssimo

Beijos de Sal

Ana Luar disse...

Falas de um sentir que vai para lá do palpavél... a mistica entre dois seres, pode completar-se sem um unico toque. Adorei!

banalidadesdebase disse...

tudo bem tudo
nao como as tuas palavras
alias sem muitas palavras,
bom visitar-te sempre e merci pela visita!
beijinhos!

Anónimo disse...

Não ter nada para te dizer, mas as lembranças todas falando por si, ecoando insistentes na carne, no cheiro, no sexo abrindo-se recepitivo, quando o nome é dito. Não ter nada para te dizer, mas as mãos estendidas, esperando pelas linhas do outro, pelos fios escorrendo, pelos olhos aparados em cor e brilho.
Não tenho mais nada a dizer... Apenas que é algo que corta, sem nem mesmo chegar perto.

Beijos

Jana

Lagoa_Azul disse...

Querida amiga,

Louca de palavras,
Doutora de doentes sãos,

Como sempre um belissimo poema, e se te deixarem que te achar louca de escrita, então é porque a vulgaridade da vidinha dos iluminados, foi bebida num trago.

Isto tem a ver com o teu ultimo post também ;)

Sopro-te um beijo com carinho e ternura.

Alberto Oliveira disse...

Pedro estava parvo de todo. Não tinha sido assim que imaginara a sua primeira vez. Escutou-a sem a interromper, baixou os olhos e desandou. Em casa releu tudo o que tinha sobre o assunto. Nada. Ou seja: tudo apontava para o contrário do que tinha ouvido da boca dela e que ainda lhe martelava os ouvidos
"não preciso que entres em mim
para te ter".
Nunca mais lhe bateu à porta. Tem entrado em muitas casas mas não é de ninguém.



beijos muitos.

JL disse...

Como sempre: Bonito, profundo e sentido. Um beijo e boa semana, Alice

Micas disse...

Eu também não tenho nada para te dizer!
As tuas palavras dizem tudo...

Beijo e boa semana

Anónimo disse...

Palavras amadas e divinas. Muito lindo ;)

Vanda disse...

Como só tu sabes descrever, escrever.

Como só tu.

Tive saudades.

Van

Ivã Coelho disse...

Gosto muito dos seus ares portugueses, este seu brilho sutil me alegra, me enternece.

Beijos dO sEU fà brasileirO,

IVÃ.

kikas disse...

Tens razao ao dizer que não são as uniões que tornam dois seres unidos, para se ter alguem, basta o poder da mente.
Miguinha tás longe mas estarás sempre perto, beijos.

Vasco Pontes disse...

olá alice,
dizem que o poeta faz sempre o mesmo poema.dizem.será que ele quer dizer sempre a mema coisa?
beijos

Anónimo disse...

Olá Alice,
Acabado de chegar não posso deixar de dar uma vista de olhos no teu trabalho e lembrar-me de uns certos olhos meigos... mas tristes!
Sabes, encontrei.te um destes dias na sombra dos meus pensamentos... e sorri!
Porque os teus olhos, pela primeira vez, riram!
Um abraço, amiga.

Nilson Barcelli disse...

Para quem não tinha nada para dizer e acaba com um "não preciso que te metas em mim para te ter"...
Usaste boas imagens no poema, que é bom.
Beijinhos.

lince disse...

Feliz do gi. Ter alguém que se nos abre muito para além das pernas é ser-se amado. E quem é amado é feliz.
Parabéns a ti pela forma como amas.
Boa semana.

Maresi@ disse...

Ola Alice....

Finalmente consigo comentar teu post.. belo...profundo, directo....frontal! Bela imagem...
estas mais "aguerrida" do que o costume????

Aquele beijo com sabor a Maresi@

Anónimo disse...

tanto Prefácio como Unforgiving são poemas de deixar-nos sem ter o que dizer. asim sendo, não digo. apenas leio-te. e releio-te. como quem sabe que assim é preciso. 1 beijo

Anónimo disse...

Se preciso fosse cruzaria os mares para encontrar o que li aqui: a coragem despudorada das palavras. Gostei muito, Alice.

Simone disse...

Alice querida...
Lindas palavras, como sempre!
Fortes, acompanhando a imagem arrebatadora.

Boa Copa para nós...
Bjinhos

Misantrofiado disse...

...and nothing else matters.

"não preciso que te metas em mim para te ter" So close no matter how far.

Anónimo disse...

O meu corpo jaz,
a alma já não se encontra,
perdida em estilhaços,
que outrora foram coração,
a voz perdeu a força,
os olhos já cansados,
as escarpas de rosto,
esculpidas pelas lágrimas
da solidão,
e os meus lábios que frios, selaram-se para sempre.

alice disse...

podias ter assinado...

beijo-te,

li

Anónimo disse...

Neste portão que guardo
vejo a azafama do movimento,
vejo a escura madrugada,
vejo o dia, que tormento,
vejo o sol negro que já não aquece,
o esforço a quem não se agradece,
agarrado a este velho portão,
para que as lágrimas da solidão,
jamais possam aqui passar,
mas com o passar dos dias,
e com todas as correrias,
dou por mim frustado,
não são as lágrimas que
aqui não entram,
sou eu que não saio,
qual tempestade,
qual vento,qual oca amizade
daqui não saio não,
estou preso para sempre
neste lado do portão!