(fotografia de jorge adn costa)
o silêncio chegou
e espalhou miséria às portas da morte
assustou os espíritos
e evaporou as conversas de espuma
*
trazia na trela um cão pequeno
que latia arrogâncias
e havia fome
no focinho da besta
*
eu podia simplesmente
falar da cinza e dos cornos
ou iludir-te com a falta de luz nos ovários
mas a espera requer vocábulos de natureza puta
*
eu podia pagar-te
para ires às mulheres da rua
deixava a fera assentar o pêlo
e calava os hemisférios
*
era bem mais fácil
rogar-te pragas de marfim
fazer de conta que a lua tirou umas férias amarelas
ou inventar incertezas no centro do equador
*
mas ouço a febre descer à montanha
num repique de sinos alegóricos
e espero durante a hora da missa
perder-me no bosque para sempre
*
(o original deste texto foi escrito num guardanapo da "fnac", no dia 28 de março de 2006)
*
*
o querido amigo miguel ângelo despediu-se hoje de todos nós
perdoa, miguel, vir por este meio render-te um tributo muito pequenino comparado à elevação do teu voo de corvo negro
decidi recuperar um texto que já havia publicado noutro blog e que foi comentado por ti, por isso, não corro o risco de não gostares
bem hajas pela tua presença, pela tua poesia, pelo teu olhar superior sobre todas as palavras e pela tua assinatura indelével e insubstituível
na minha humildade e insignificância, desejo-te o melhor, de coração
um grande beijinho para ti
alice
perdoa, miguel, vir por este meio render-te um tributo muito pequenino comparado à elevação do teu voo de corvo negro
decidi recuperar um texto que já havia publicado noutro blog e que foi comentado por ti, por isso, não corro o risco de não gostares
bem hajas pela tua presença, pela tua poesia, pelo teu olhar superior sobre todas as palavras e pela tua assinatura indelével e insubstituível
na minha humildade e insignificância, desejo-te o melhor, de coração
um grande beijinho para ti
alice
*
*
fazes-me falta
o silêncio chegou
e espalhou miséria às portas da morte
assustou os espíritos
e evaporou as conversas de espuma
*
trazia na trela um cão pequeno
que latia arrogâncias
e havia fome
no focinho da besta
*
eu podia simplesmente
falar da cinza e dos cornos
ou iludir-te com a falta de luz nos ovários
mas a espera requer vocábulos de natureza puta
*
eu podia pagar-te
para ires às mulheres da rua
deixava a fera assentar o pêlo
e calava os hemisférios
*
era bem mais fácil
rogar-te pragas de marfim
fazer de conta que a lua tirou umas férias amarelas
ou inventar incertezas no centro do equador
*
mas ouço a febre descer à montanha
num repique de sinos alegóricos
e espero durante a hora da missa
perder-me no bosque para sempre
*
(o original deste texto foi escrito num guardanapo da "fnac", no dia 28 de março de 2006)
19 comentários:
Quero-te ouvir, Alice, na próxima Noite de Poesia, dizeres aquilo que escreves.
E que bem escreves.
Um abraço.
Para te dizer um obrigada pela prenda que deixaste no meu Sítio. Estou a ler com o maior interesse o que escreves. Tem uma respiração muito intensa. Olha, se a tua Poesia fosse uma flor seria uma magnólia. Porquê? Porque há quem lhe chame uma flor de carne. É a imagem que me ocorre. Não abandones essa febre que sinto na tua escrita. Vais ser um caso sério, pressinto e desejo.
Muitos beijinhos, bonita menina.
Licínia
ainda agora falava da tua escrita entrar-me pelo estomago, e que melhor imagem para a tua escrita que o da Licinia Quiterio em cima: se fosse flor seria Magnolia "uma flor de carne"!
que intensidade e respiracao tao unicas!
beijinhos :)
Alice,
Vim aqui para te ler um pouco mais e trazer um beijinho do Gatopardo que agradeçe as tuas visitas...
Gostei de voltar a ler este teu poema. Não me lembro do guardanapo, mas já o tinha visto e sentido noutro espaço teu...
Até sempre, Poetisa
ET
Olá
Espero que andes mais alegre, afinal dias não são dias e outros melhores virão.Perder no bosque para sempre não é opcção
Beijoka
Já tinha lido este poema.
Gosto dele...
Continua a sorrir!
Fantástico! Beijos.
Ola...
Linda homenagem, lindo poema, eu ainda quero "perder-me no bosque para sempre"...
Na falta que sempre tenho, na ausência de um algo mais, meu coração sempre é, um navio a partir do cais.
Ótimo dia pra tu
:***
bom dia Li....tenho pena...muita. pode ser que este maio volte a ser.
______________________excelente elegia!
beijo.
Alice, vindo de você, acredito plenamente, que seu homenageado está feliz em qualquer esfera, que possa agora estar. A vida é isto, um dia sumirmos no misério. Abraço n´alma,
Diovvani.
... um belo poema sem dúvida onde "inventar incertezas no centro do equador... " merece uma referência especial. Fico com a certeza que "nunca te perderás no bosque... " . O teu sentido de orientação poética não o permitirá.
beijo grande.
A tua capacidade poética tem, no essencial, duas vertentes: a da qualidade e a da quantidade.
Da qualidade com que escreves, que é excelente, já te falei.
Mas tens a capacidade, que não é frequente, de fazer poesia em quantidade sem perder a qualidade.
Beijinhos.
Querida Alice, recebe minha solidariedade pelo amigo... Quanto a ti, o meu abraço e aplausos. És maravilhosa com as palavras!
Tem ótimo final de semana!
Lindo o poema... linda a homenagem...
Um beijo para ti
Sua pessoa e seu talento provocam a ira, os ciúmes e a inveja de "um instrumento musical".
excelente poema Alice e tão bela homenagem
fazes maravilhas com as palavras, tens uma expressão poética muito forte
parabéns
beijos meus linda menina e um abraço com carinho
lena
Claro que concordo amiga! (resposta ao meu blog)...
O previlégio de os ter "conhecido" é o importante... mas que queres, sou uma sentimentalona e tenho saudades... também tu te despediste do Miguel Ângelo...
E as partidas são sempre partidas... dói...
...como é bom, relê-lo...dois meses se passaram...ainda não nos perdemos no bosque :)mas quem sabe sejamos o bosque...?
um beijo. bom dia.
Van
Terna Alice, remetido ao silêncio da surpresa sustive-me.
O teu tributo... vindo de ti, comovo-me e paralisa-me!
Havia gostado dessas palavras sim... soubeste escolher baseada no olhar que proposeste a mim... agradeço-te Alice, só isto. Pudesse eu depositar uma gota do meu seangue na palma da tua mão, também como reconhecimento da extrema mulher que mostras ser. Bem hajas tu Alice.
A despedida está feita... não gosto de despedidas.
Após terminar a conversa pessoal com o Corvo, serei súbito no desaparecimento.
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