2006-12-26

confidência





estou aqui sentada
à espera das palavras
que irei pronunciar
das gélidas montanhas de vinil
poucas foram
as que verteram cabelos
das paredes lisas
os livros falam entre si
e trocam cartas
do que ouviram dizer
entre as páginas
lembras-te quando ao meio dia
atravessava a tua boca
até ao tecto das águas?
a cidade tem um rio longe de tudo
longe de ti a memória de um beijo
pelas mãos acima devagar
fecundam as terras do teu rosto
dançam na berma dos teus lábios
os teus gestos claros
como versos bocejando azuis
na ferida das horas




(desenho de kafka)

17 comentários:

Amaral disse...

Uma "confidência" onde as palavras percorrem caminhos de sentimentos e formas...
São águas de gestos feitos no sabor de cada beijo, são livros que entoam versos de páginas cheias até ao tecto da tua boca...
E que dizer da subtileza da imagem?!...

MOLOI LORASAI disse...

por mais que te incensem os teus admiradores devo dizer que Aliece ainda é uma candidata à poeta. Peneira Falante.

Silvia Chueire disse...

As palavras virão, elas sempre vêm.
Feliz 2007 !


Beijos,
Silvia

amigona avó e a neta princesa disse...

Beijo de Boas Festas...

Vasco Pontes disse...

Olá alice,
Gostei deste.
Um bom ano!
...e beijos

Anónimo disse...

"A verdadeira celebração do Natal é a realização interior da Consciência Crística.É de extrema importância para todo o ser humano, qualquer que seja a sua religião, experimentar dentro de si mesmo este "nascimento" do Cristo Universal. O universo é o corpo de Cristo: interiormente presente em toda a parte, sem limitação, é a Consciência Crística. Quando puderes fechar os olhos e, através da meditação, expandires a tua consciência até sentires o universo inteiro como teu próprio corpo, então Cristo terá nascido em ti. Concluirás que tua mente é uma pequena onda do oceano de Consciência Cósmica, na qual Cristo habita."

Paramhansa Yogananda

Anónimo disse...

Chego aqui de mansinho, pé ante pé não vão os meus passos te assustar. Chego aqui para ler e voltar a sentir os sentimentos e paixão que colocas em cada palavra.
Parto mais rico; levo na mala cores e sons como este sol radioso que nos aquece lá fora.
Só não vou perdoar tanta ausencia sem uma palavras (para já!).
Bjs
Gui

poca disse...

incrivel como os outros têm por vezes o dom de nos mostrar o nosso. neste caso o teu. o dom da palavra. beijinhos

paulo disse...

A confidência lembra-me a inconfidência, e a consciência e a transcendência. Versos lindos, como largados devagarinho ao cair de alguma coisa que não é dia, nem noite, mas névoa Douro, daquela do pôr-do-sol. Xi.

Melga do Porto disse...

Ler-te é, para mim, procurar por dentro das tuas palavras o que lá não está!
Estas rasgaram a minha memória, indo buscar uma imagem que nela permaneceu.
Um dia caminhando reparei que me encontrava frente a um edifico.
Edifício de quem eu dizia – parece que as paredes choram!
Será que choravam, pela condensação da água ou pelo que por dentro delas se vivia.
Gélidas montanhas de tijolo que encerram segredos, venturas e desventuras.
Amores e desamores.
Era e é um bairro social, longe de tudo, numa cidade com um rio.
Bj´s

*Mais uma vez a Terra, fecunda, está prestes a dar à luz. Feliz 2007...

isabel mendes ferreira disse...

fecundam as terras do teu rosto
dançam na berma dos teus lábios
os teus gestos claros!!!!!!!!!!!!!!



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iluminação!!!!!!!!!!!!

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beijo.

SMA disse...

O mundo circundante torna-se confidente, de um momento cicatrizante...

Um bj

Alexandre Dias Pinto disse...

Muito interessante.

Alberto Oliveira disse...

... lá vai mais um teste 1,2,3 para ver se o comment entra. Ontem nem pó...

Alberto Oliveira disse...

... consultou as horas; o ponteiro das ditas sangrava abundantemente. Entrou na policlínica mais próxima e pediu ajuda. Negaram-lha. Que aquele não era o local próprio para lhe suturarem feridas daquela dimensão; que chamesse o 112, aconselharam-no. E ainda o obrigaram a limpar o sangue que jorrava da cebola, herança do avô Justino. Já na rua, percebeu que nada havia a fazer; as horas tinham-se esvaido e foram-se desta para melhor. Iria sentir a falta delas, ele que tinha a mania da pontualidade...

Um Ano Novo muito feliz!
beijos muitos.

isabel mendes ferreira disse...

um beijo......


dulcíssimo.

Bandida disse...

venho por outra mão
dançar neste tecto
azul.








B.
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