2006-08-18

um homem



Conheci um homem que tem várias mulheres no pensamento. Era um homem pequeno e raro, desses que a morte há-de levar por interesse. Conheci-o perto do mar, porque convém a qualquer actor um bom cenário. Enquanto as ondas batiam nos olhos dele, o sal foi temperando as palavras em forma de verdades. Era um homem que mentia por um orgasmo. Escrevia poemas e beijava tão bem como escrevia. Quando me tocava, o mar entrava em mim e nunca mais fugia das mãos dele. Era um homem dotado, bastava um verso para navegar uma mulher. Na verdade, era um barco, pois só um actor comete um naufrágio em cada praia...

*

(fotografia de armindo dias)

3 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

excelente....a escrita a ser depurada...!

Su disse...

adorei ler.te
jocas maradas

Anónimo disse...

amor é fogo que arde pra se ver
e assim anuncio essa casa discreta,
feita a quatro mãos cúmplices,
barro tentando moldar o divino.
essa casa que parece saber dos segredos do fogo.
as livres palavras, sem pudores, sãs, plenas de gozos.
as palavras com e do prazer, os grafados instantes
dos corpos sublimados nos jogos do amor.
as palavras com sabor a sexo.
o erotismo por caminhos trilhados raras vezes.
essa lâmina perigosa, esse risco
que sempre desafia e alicia os mais temerários
funambulistas da poesia.
vinte anos, a casa de Alberto & Alice...

post do francisco nu singular a 8 de agosto