2006-08-31

carta diamante



já não anoitece, meu amor
a escuridão reformou-se

quando tu choraste
há quarenta e oito horas

que é dia
sabias que as searas
imitam os teus braços?
e as flores

a dança do teu ventre?
sopra uma brisa que agita
o chão do mundo
a natureza inteira persegue
o brilho das safiras
só disponível
nos teus olhos
enquanto a lua apodrece
ao meu lado
o mar arrasta

os destroços dos cometas
nos teus cabelos de prata
depois de ti
a eternidade
é um banco de areia
onde as orcas vêm acasalar

no dorso luzidio
espelham o retrato
do nosso amor
sem herança

*

obrigada, isabel, por me ter citado, bem haja, um beijinho

*

(fotografia de jaime silva)

28 comentários:

Anónimo disse...

todo amor deixa heranças... lindo alice... lindo demais.

Anónimo disse...

Querida Alice, por aqui; sempre horizontes-amplos-multiplos, de boa poesia. Acho muito bom você e Cláudia, conhecerem-se (Ela também é fantastica!). vou lá visitar sua indicação. Quando passo aqui em sua casa e não deixo comentários, é porque fico tentando compreender-ouvir os silêncios, que ecoam entre suas linhas. De vem em quando consigo ouvir aluguns... E eles me comovem mais do que palavras. MontanhosoAbraçoDasMinasGerais, Diovvani.

Anónimo disse...

Mais um poema lindo...
Muito bonita tambem é a sua humildade... citei-a porque de facto me impressionou o sua escrita , foi muito de visitar o seu blog e irei continuar a visitar sempre que possivel.
Acho que encontar palavras que se amam é uma sorte quase uma dádiva que devemos agradecer.Por isso não pude deixar de lhe dizer nem pude deixar de mencionar no meu blog a alegria que foi encontar alguem que escreve com o mesmo tipo de amor que tenho ás palavras.
Eu escrevo apenas umas coisitas sem valor por isso falo em nome de poetas e verdadeiros escritores, uso as palavras de outros para me expressar... é como ser de outro planeta e precisar de encontar quem fale a minha lingua e me traduza. Quando acontece, e quanto mais lemos mais exigentes nos tornamos, sinto-me verdadeiramente grata.
Obrigada eu Alice
E continue a visitar-me a deixar os seus comentários que eu continuarei por certo a amar as suas palavras e sempre que me permitir a usa-las no meu blog.
Um beijinho

Isabel

kikas disse...

O texto nao comento....
A foto é lindaaaaaa

Licínia Quitério disse...

Sabes muito de ruínas, Alice. E sobre elas reconstróis mundos. É esse também um ofício de Poetas.
Um grande abraço, MULHER.

Misantrofiado disse...

Dentro do absurdo habitual dos meus comentários, digo que são palavras de homenagem. Palavras que encerram em si um agradecimento natural e voluntário.
São ainda palavras habituais de quem com mestria quase ingénua consegue deslumbrar.
Prossegue assim, igual a ti.

Alisson da Hora disse...

Alice, linda amiga...

Pensa que eu esqueci de ti?Não, jamais esquecemos aquelas pessoas que, mesmo longe, fazem parte de nossas vidas...

Abraços apressados e saudosos...

a.h.

Anónimo disse...

Querida Alice, fui lá no blog do seu amigo e realmente a poesia dele é grande e linda. Obrigada pela indicação. Falando da sua agora, que linda essa carta diamante. Amei todas as metáforas que construiu. Estava, também, com saudades de vir aqui.

Micas disse...

Alice...
És sublime com as Palavras.
Que saudades, já cá tinha vindo e não consegui entrar :( hoje tive a boa surpresa de te voltar a encontrar.

Beijo grande

porfirio disse...

olá alice

: convenhamos -
aqui se a escuridão
abrir os olhos
obviamente demite-se!

bjo
neste
«chão
do
mundo»

Joaquim Amândio Santos disse...

"
vês os meus olhos?!

quando cintilam
anunciam o nascimento do teu reino.
o tempo
onde pulso,
o caminho
onde me percorres
em cada olhar lânguido.
"

JAS

Anónimo disse...

Gostei muito Alice do blog do Alberto Serra. Já está no Favoritos! Abraço das Minas Gerais.

Anónimo disse...

:************
Alice, eu estava com problemas em acessar seu blog. Só dava erro direto.
Hoje, visitando o blog do Diovvani, vi teu comentário e um link. Olhe eu aqui de novo no Amar palavras!
:)
Teu poema é sensorial, menina Alice. Sensorial, que põe todos os sentidos alerta e entregues à composição do amante.

Beijos, querida

Jana

Miriam5 disse...

Olá alice, tenho andado um pouco arredada dos blogs devido às férias mas, espero voltar com mais frequência e, como sempre gostei imenso do poema, apela aos sentidos, uma bela imagem "sinestésica"
Bjs

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

por vezes a herança do amor é apenas um sabor amargo de saudade, de ausência...


beijos

Alberto Oliveira disse...

Estava cansado; física e espiritualmente. Os seus braços já não imitavam searas (se fossem a contar com eles ninguém comeria pão... ), os seus olhos já não tinham o brilho das safiras (eram agora duas pedras cinzentas e veladas) e a prata dos seus cabelos tnha voado para a loja de penhores mais próxima.
Deitou-se no banco de areia e tinha a certeza que a sua conta estava a zeros.



beijinhos muitos.

Louco Ode Sonhador disse...

------SUBLIME------

Agur,
Abraços até um dia.

francisco carvalho disse...

De facto, um belo poema. Uma carta com o poder de pôr toda a gente a sentir.

(e o prometido é devido. as suas palavras já podem ser amadas no meu canto. está ao pé da Isa.)

:)

Micas disse...

Passei para te ler e desejar uma boa semana.

Beijinhos linda

lince disse...

Passei para te ver e gostei de te voltar a encontrar.
Boa semana.
Bjs.

Anónimo disse...

Venho desejar-te uma boa semana e felizes inspirações para que nos possas brindar com a beleza das tuas palavras.
Bjx

Vanda disse...

Como é bom saber-te e ler-te! :)

Beijo de bom dia!

Sempre bom dia :))

Van

inBluesY disse...

levo como sempre aquele gosto, e desta vez a sorte de encontrar no local.

1 bj*

inBluesY disse...

'novo'

Delfim Peixoto disse...

LINDOOOOOO!!!!
bjhs doces

saudosista do futuro disse...

somos terra no cheiro...

Anónimo disse...

As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem. (Lilian Tonet)

Foi por acaso que entrei nesta casa mas não é de certo por acaso que aqui continuo a vir buscando as suas palavras. Espero que tambem continue a visitar-me. beijinhos, Isabel

o alquimista disse...

Tão infinitamente bonitas são as palavras que te vêm da alma...poema lindo com cheiro a maresia...

Doce beijo