2006-05-31

barreira de coral

(foto minha a 01/12/2005, ao largo da cidade das raias, ilha caimão)

*

dali ao deserto

nem a agonia fugia. e era tanto o peso nos ombros dela. eu queria ensinar a paz ao desespero. levantar o tecto sobre os anexos da alma. eu queria falar-lhe dos estados do tempo e das camionetas no asfalto

dali nem oásis nem fingimentos

e era muito poético o azul distante. eu gostava de ter uma casa na lua. estalar os dedos e ser vidro fértil. eu gostava de ser um pedinte de rua. e coleccionar o teu espanto

dali só poente e brisa de veneno

e era gume e mola esta tormenta. eu seria uma nuvem ou a estrofe perdida de um soneto. eu seria uma tia afastada vestida de pai natal para ela viver mais um ano

dali ao silêncio

os mortos aqueciam a terra e pisá-la era tão amargo

dali era mais perto descer ao chiado e apanhar o metro

*

porque acredito que tu vencerás a barreira



2006-05-30

piano de seda

(obrigada pela fotografia)
*
*
é no altar do teu peito que a aurora ergue a montanha e endurece o céu
tantas vezes te disse que o feno rebrilha quando subo por ela
tantas vezes te contei as curvas leitosas e sucumbi num beijo
é no casulo do sexo que habitam as cigarras
tantas vezes ouvi as penas da luz a voar
tantas vezes toquei no ar sobre o teu rosto
é no diâmetro inteiro do olhar que se enfurece o desejo
tantas vezes chupei o bulor de maçã e o caroço de água
tantas vezes guardei o perfume das tuas pétalas perfeitas
é de fermento a febre e o orvalho
é de luar infinito o cabelo e a selva
é sempre de manhã na tua idade
bom dia,
isabel

*

tantas vezes vi as tuas mãos teclar estrelas

2006-05-29

o fim da metáfora

(fotografia de mário galante)
*
*

ele bebeu uma garrafa por cada mulher que traiu. agarrava no dorso de vidro com força. encostava aos lábios com fúria. engolia com pressa. pousava no chão com sede. e escrevia nos rótulos os nomes delas. a espuma a lamber as letras. não escreveu o meu nome. perguntei-lhe se escreveria o do menino. disse que não. foi dizendo sempre eu sou uma merda e bebia. foi repetindo eu fiz tantas coisas feias e bebia mais. até que as mulheres acabaram e haviam ainda garrafas cheias no chão. vazias e cobertas de nomes lambidos. começou a descascar comprimidos. escolhi este dia para morrer, disse, e tomou os comprimidos. um por cada mentira. cobria a palma da mão e engolia. eu fumava. eu já estava morta ainda ele se matava. e a náusea subiu-me ao pescoço sem carícia. era tudo muito difuso. a persiana corrida. a luz mal quadriculada. as minhas pernas bambas. a sanita do outro lado da casa. ele saiu enquanto vomitei. corri tanto. ele arrancou com o carro. eu segui-o sem cinto. não contei os quilómetros. excedi a velocidade. o semáforo ficou vermelho. ele não travou a tempo. nunca o fez. eu estava nesse momento a ultrapassá-lo. vi a cabeça dele bater no volante. um fio de baba lamber-lhe a barba. o meu nome escrito no adeus. as luzes do carro tão claras. o barulho do motor tão doente. o semáforo ficou verde. escolhi este dia para morrer, disseste. deixei-te dentro do carro em liberdade.

*

qscaremc

*

acrescento o comentário do legível que adorei, obrigada, beijo

"... quando os paramédicos chegaram, limitaram-se a cumprir o ritual em casos desta natureza; sem pressas, que o carro nem sequer ficara de modo a dificultar o trânsito.Ela, distante e absorta (quem sabe se divagando sobre garrafas, nomes, comprimidos, cintos e semáforos ou sobre nada de concreto), nem deu que os maqueiros retiraram de dentro do veículo, o corpo a quem ela tinha dado à liberdade.A noite fechou-se de vez sobre a cidade."

2006-05-27

sem palavras

(fotografia de elisandra amoedo)
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*
esta noite não parece de abril. o dia, sim. clareou e sorriu toda a tarde. mas a noite não. foi um conjunto de tardes a anoitecer o meu dia. recebi uma má notícia. avisaram-me que as palavras tinham adoecido. mandaram-me uma mensagem de palavras já contaminadas. e de como o vírus se tinha propagado em pouquíssimas horas. enquanto a noite apagava a tarde de sol no jardim

procurei fixar a manhã. a criança que entrava em casa a explodir de energia. os restos dos jogos no chão da sala. os pratos a escorrer na distância do almoço. a bola a descansar dos golos sofridos. os mesmos papéis à deriva nos movéis. e tentei alhear-me. fingir que era um erro do calendário. imaginar a natureza sem amor no coração das flores*

mas insistiram. garantiram-me que era uma doença venérea. dessas que os genes transportam como formigas a atravessar as veias. num mecanismo pedófilo intratável. e depositaram palavras enfermas na minha janela. percebi finalmente a falha do tempo. eram vários os dias a entardecer a mensagem. eram semanas diante dos meus olhos. quase meses. ao cair da noite.

enganei o estômago com um jantar de cervejas. e saí para a cafeína da rua. fui às urgências saber dos internamentos. mas a fila de palavras não me permitiu estacionar o carro. o ar estava saturado de sílabas ocas. as vírgulas caíam entre aspas. falavam de quarentena em surdina. os verbos apodreciam nas macas. os simpósios fugiam dos médicos. o trânsito soletrava. e segui um dicionário perdido.

fui do hospital para a cadeia. afinal, meteram as palavras atrás das grades. chamaram-lhe prisão preventiva. advogaram penas de identidade e residência. marcaram o julgamento. mas as leis apresentaram os primeiros sintomas. os tribunais tentaram socorrer a justiça. mas era muito tarde. eles não sabiam das horas em cada minuto. e as palavras morriam. a infecção derrubava-as. não havia vacinas. não havia sol. não havia água.

a saúde pereceu na manhã. o coração das flores encolheu. o amor escorria distante. o jardim descansava. e regressei à infância. despertei a criança. jogamos à bola. com a energia dos papéis. marcamos golos na doença. e curamos as palavras. eles vieram premiar-nos...

*

18 de abril de 2006
*o que é a natureza, d.?
"a natureza é o amor no coração das flores"

2006-05-25

para o miguel ângelo

(fotografia de jorge adn costa)
*
*
o querido amigo miguel ângelo despediu-se hoje de todos nós

perdoa, miguel, vir por este meio render-te um tributo muito pequenino comparado à elevação do teu voo de corvo negro

decidi recuperar um texto que já havia publicado noutro blog e que foi comentado por ti, por isso, não corro o risco de não gostares

bem hajas pela tua presença, pela tua poesia, pelo teu olhar superior sobre todas as palavras e pela tua assinatura indelével e insubstituível

na minha humildade e insignificância, desejo-te o melhor, de coração

um grande beijinho para ti

alice
*
*
fazes-me falta

o silêncio chegou
e espalhou miséria às portas da morte
assustou os espíritos
e evaporou as conversas de espuma
*
trazia na trela um cão pequeno
que latia arrogâncias
e havia fome
no focinho da besta
*
eu podia simplesmente
falar da cinza e dos cornos
ou iludir-te com a falta de luz nos ovários
mas a espera requer vocábulos de natureza puta
*
eu podia pagar-te
para ires às mulheres da rua
deixava a fera assentar o pêlo
e calava os hemisférios
*
era bem mais fácil
rogar-te pragas de marfim
fazer de conta que a lua tirou umas férias amarelas
ou inventar incertezas no centro do equador
*
mas ouço a febre descer à montanha
num repique de sinos alegóricos
e espero durante a hora da missa
perder-me no bosque para sempre

*

(o original deste texto foi escrito num guardanapo da "fnac", no dia 28 de março de 2006)

2006-05-23

"...how fragile is the heart..."



hoje vou falar do amor
da sua língua esguia e serva
do seu idioma pronto a usar
diz-me, amor, quantos verbos tens?
foder é só um ou apenas todos?
não te espantes se te explorar

hoje falarei do ódio
da sua pele tão fria e terna
do seu saiote leve e justo
diz-me, ódio, quantos risos tens?
perverso chega ou usas doentio?
não te admires se te adoptar

hoje falarei do sexo
da sua mala cheia de graça
do seu presépio de palha d'aço
diz-me, sexo, quantos furos tens?
fantasias ou vens-te sem matar?
não te demores a ejacular


*

(fotografia de eldor gemst)

*

postado ao som de "dante's prayer" de loreena mckennitt:

When the dark wood fell before me
And all the paths were overgrown
When the priests of pride say there is no other way
I tilled the sorrows of stone
I did not believe because I could not see
Though you came to me in the night
When the dawn seemed forever lost
You showed me your love in the light of the stars

Cast your eyes on the ocean
Cast your soul to the sea
When the dark night seems endless
Please remember me

Then the mountain rose before me
By the deep well of desire
From the fountain of forgiveness
Beyond the ice and the fire

Though we share this humble path, alone
How fragile is the heart
Oh give these clay feet wings to fly
To touch the face of the stars
Breathe life into this feeble heart
Lift this mortal veil of fear
Take these crumbled hopes, etched with tears
We'll rise above these earthly cares


Cast your eyes on the ocean

Cast your soul to the sea

When the dark night seems endless

Please remember me


Please remember me

Please remember me, ...

2006-05-21

the long dark teatime of the soul



é tarde
hoje em breve será ontem
o dia vai morrer
está a agonizar no meu peito
tão redondo e cheio de fezes
não me toques agora
estou cansada
carregar o peso dos dias faz-me mal
e o cheiro da peste
como fumo sem fogo
não me beijes
ainda acendes a lua antes da meia noite
e não há nada pior do que um dia mal morto
deixa a hora última passar
pousa a tua boca entre os meus seios
e mete três dedos
mexe-os como ponteiros
mata-o devagar
não te venhas
deixa-me pari-lo nos teus lábios
escrevê-lo nas linhas das tuas mãos
para alguém ler o dia que enforcaste
levanta o queixo
ergue-o como o tesão do crime que cometeste
olha para mim
é tão cedo, meu amor
e ser puta é tão triste


*

(quadro de paul gauguin)

2006-05-20

comparação inequívoca



estás a ver o frio a rematar-se ali na esquina?
e a velha à janela a fingir-se menina à lua?
e o homem sem rosto que passa por nós como o medo?
sabes que horas são quando voltas a abanar as mãos?

espera, deixa-me desenhar-te
vou buscar o x acto e os lenços de papel
estás a ver o calor do meu braço ferido?
e a colheita encarnada da minha pele clara?
e as salinas no lugar das pupilas?
sabes que temperatura está no meu coração?

espera, deixa-me fixar-te
vou buscar o relógio e o tempo lá parado
estás a ver o lobo a rondar a incerteza?
e a seiva dos espaços densos sem palavras?
e as gretas a rachar-me os lábios mal beijados?
sabes que dor me corta as veias quando viras as costas?

espera, deixa-me perdoar-te
vou buscar o futuro à mesinha do meu quarto
estás a ver o meu sono espantado a vigiar-me?
e a ressaca a martelar o meu corpo contra a noite?
e o meu andar parado quando calço saltos altos?
sabes que te amo?


*

(fotografia de margarida araújo)

2006-05-18

para claudia



a pedra de cal é nuvem
quando os cães a lambem
e enquanto a lascívia
sobe pelas mamas dela
as caudas abanam o mundo


*

(fotografia de nicole)

2006-05-16

última parte de "vidas vazias"



sara deixou cair o poema na cama
era sempre o instinto que explicava o caminho seguinte
o único possível
o único exequível
assim como hugo havia procurado a mama para reter a fome
e agora dormia saciado
também os dedos cegos de sara
encontraram fome a dilacerar-lhe o sexo
e começaram a comer desesperadamente
sara respirava menos agora
já não tinha medo
podia entregar-se à sede que escalava da nascente do seu corpo
deixar o primeiro rio do mundo correr pelas estrias da pele abaixo
ignorar a brancura pura que desmentia o sangue nos panos das coxas
e esfregar-se apenas
mais tarde
os homens inventariam termos técnicos para definir o amor
mas nesta época azeda
não havia inteligência sobre a terra
havia impulsos genéticos
tensões primárias
fome na criança e no sexo da mãe
sede nos dedos que o comiam
água lisa a brotar sem reservas
água branca a violar o sangue e a lavar as pernas cansadas
olhos inquietos a bulir no rosto dela
olhos irrequietos a girar nas covas sagradas da cara dela
e segredos incontados a desenharem-lhe a boca
segredos inconfessados a delinearem-lhe os lábios
e asas a contornarem-lhe as feições
asas curvas a guiarem o olhar invisual das unhas
dentro do segredo de sara


*

(fotografia de mesa)

2006-05-15

terceira parte de "vidas vazias"


quando hugo adormeceu, sara foi buscar a caixa velha dos retratos
respirava sempre mais quando destapava o baú das memórias
como se os pulmões pudessem recuperar o cheiro dos antepassados
perdoou-se a fraqueza na escolha dos envelopes
era-lhe sempre difícil invadir a sua privacidade
estava dentro da roulotte que a avó lhe deixara
era uma casa móvel, logo, podia demolir-se e remolir-se quando desejava
havia uma estrela pendurada à janela e panos ensanguentados a coser-lhe as pernas
(mas a dor do parto coagulava e o brilho celeste jamais cessava)
dali, ouvia a poesia a chover
e a água caía dentro da caixa das recordações
e humedecia os papéis já de si muito gastos
sara tinha ciúmes da erosão
do efeito quase perverso do desgaste nas fotografias
das nódoas irrecuperáveis a eternizar momentos efémeros
da evaporação da cor e dos traços perfeitos
e hugo dormia no início do verbo que haveria de ser
a mãe olhava-o com o amor possível que advém dos factos biológicos
segurava os papéis com a força com que poderia reter aquele amor para sempre
prendia-os com a mesma vontade de estancar as lágrimas que sabia irrepetíveis
mas nem as palavras resistem ao princípio da criação
é uma questão de essência, de natureza irrecusável
e basta um gesto para apagar uma ferida
após o dilúvio, restou um papel nas mãos de sara
desdobrou-o sem pressa e começou a ler o primeiro poema do universo


*

(fotografia de sergei dmitrov)

2006-05-13

segunda parte de "vidas vazias"



o padre cláudio acabara de fechar a igreja
todos os pecados se haviam expiado dentro de portas
no confessionário apenas jaziam lamentações incómodas
o sino anunciou a batelada mágica do dia a nascer
e logo as mãos dele recolheram o terço para o interior das calças
não haviam almas àquela hora
o padre seguiu pelas mesmas vielas que antes o conduziam ao descanso
cruzou-se com os mesmos gatos
e não havia denúncia alguma nos seus olhos vadios
estugou o passo quando pressentiu o mistério
os dedos tremiam-lhe mal contendo o molho de chaves
perdeu o juízo quando caíram ao chão
não usava óculos
a roupa pesava-lhe quando se deteu a procurá-las
e os paralelos tinham mais ranhuras que o medo que sentia
ouvia os fantasmas
as vozes que o ar cuspia à sua volta
as penitências mal curadas a zumbir nas fendas a seus pés
e um choro
um prenúncio benigno
ergueu-se em pânico
agarrou o rosário e beijou a cruz
começou a rezar
deu por si a ouvir a sua própria inutilidade
falava cada vez mais alto
e cada vez mais se apoderava de si a verdade
e o choro nítido que estalava o silêncio próximo
o barulho líquido que assolava as primeiras horas


*

(quadro de frida kahlo)

2006-05-11

"o outro lado da vida é uma noite ao relento"



eram onze horas da noite
as labaredas rodeavam a escuridão
só haviam chamas a consumir poeira
e corvos a procurar os restos da terra
o mundo tinha acabado de terminar
a neve derretia as casas moribundas
o fogo comia as últimas crianças
o vento soprava clandestino nas ruas
e a cidade dormia a derradeira insónia

sara levantou-se quando ouviu a saudade
por instinto, levou a mão ao ventre e viu que estava grávida
repito que o mundo tinha acabado de começar
com uma única vida a gerar-se no útero de uma mulher
a seu tempo saberemos da paternidade
e dos nomes que confluem o passado e o futuro de hugo

*

escrito no dia 14 de Abril de 2006
primeira parte de "vidas vazias"
título da autoria de r. s.

(fotografia de robert farnham)

2006-05-07

envelhecimento precoce



agora
as águias ferem-me as trompas
deve ser do cheiro a lombrigas movediças
mas não é de luto que se veste o ânus
os bicos mordem céleres a pele e as presas
e o vento é homossexual quando me sento

agora
os ossos padecem de leite e cálcio
deve ser défice de magnésio e ouro branco
mas não é de cuspe que se temperam de véspera
os pénis encorajam a solidão para dentro
e o trajecto da bala é desfeito no hálito

agora
os duendes parecem matrículas caducadas
deve ser das fadas virgens que rareiam
mas não é ao escuro que rezam e choram
os anjos fodem melhor de luz acesa
e a falta de esperma é pomada e dor

agora
as borbulhas espremem rugas brandas
deve ser da queda capilar e genital
mas não é crime abortar amor às cegas
os olhos mentem mais trovoadas abertos
e a água cura a esperança do perdão

agora
os ratos comem os restos
(...)


*

(fotografia de ricardo tavares)

2006-05-05

nota autobiográfica



as ruas gemem
vejo os lampiões a tinir
os corpos sobre a mesa
levanto a toalha
e eis que se abate uma guerra
as facas tombam
lâminas pontiagudas como olhos
cera
sémen pendente como um mapa
a torneira apagada
cascas
restos de comida nos bolsos
o cotão dos livros à solta
a espera
e vem-me o período
como um relógio perene


*

escrito no dia 4 de maio de 2006 às 00:24

2006-05-01

"AMAR"



AMAR.
O VERBO.
A VIDA ORIENTA-SE EM FUNÇÃO DA LINGUAGEM OU SERÁ A LINGUAGEM QUE VISA EXPRIMIR A VIDA?
ACREDITO NA PARTILHA, NA INTERACÇÃO.
ENTÃO, A VIDA IMITA A LINGUAGEM E A LINGUAGEM IMITA A VIDA.
AMAR.
A ORIENTAÇÃO.
O VERBO AVANÇA POR ENTRE CASCATAS, FLORESTAS, OU PELO EÓN E A BRUTALIDADE DAS CIDADES.
O VERBO CARREGA EM SI A PUREZA.
E AQUELE QUE O ESCREVE DEVE SENTIR A LUZ DAS COISAS PURAS, A ESSÊNCIA LÍQUIDA DO MUNDO.
AMAR.
PORQUE SE AMA NOS DIAS, NAS SEMANAS, MESES E ANOS.
PORQUE O SER FOI FEITO PARA AMAR.
E EXPRIME O AMOR NA LINGUAGEM.
EXPRIME O SEU PATHOS NO CÓDIGO INTELIGÍVEL DAS PALAVRAS.
EU PODIA VIVER NO MEIO DE FRASES.
EU PODIA VIVER NO MEIO DO MUNDO.
EU PODIA VIVER NOS TEUS LÁBIOS,
NO TEU OLHAR,
EM CADA UM DOS TEUS MOMENTOS SEM MIM.
PODIA VIVER AÍ.
PRESSINTO-TE.
PORQUE O VERBO CONJUGA-SE EM MIM E NO MUNDO QUANDO ESTÁS PRÓXIMA.

*

autor: r. s.
(fotografia de paulo marques)