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dali ao deserto
nem a agonia fugia. e era tanto o peso nos ombros dela. eu queria ensinar a paz ao desespero. levantar o tecto sobre os anexos da alma. eu queria falar-lhe dos estados do tempo e das camionetas no asfalto
dali nem oásis nem fingimentos
e era muito poético o azul distante. eu gostava de ter uma casa na lua. estalar os dedos e ser vidro fértil. eu gostava de ser um pedinte de rua. e coleccionar o teu espanto
dali só poente e brisa de veneno
e era gume e mola esta tormenta. eu seria uma nuvem ou a estrofe perdida de um soneto. eu seria uma tia afastada vestida de pai natal para ela viver mais um ano
dali ao silêncio
os mortos aqueciam a terra e pisá-la era tão amargo
dali era mais perto descer ao chiado e apanhar o metro
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porque acredito que tu vencerás a barreira